quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O TOMATE - Parte I - (Lycopersicon lycopersicum)




Inglês: Tomato

A par com o feijão, o tomate deve ser actualmente a hortícola mais cultivada, e com maior diversidade. Existem hoje milhares de variedades.

Mas a sua aceitação como fruto comestível foi relativamente recente. Quando Colombo trouxe as primeiras plantas da América, berço da espécie, ele depressa se espalhou pela Europa, mas apenas como planta de jardim, pois era considerado venenoso. A casa de sementes Vilmorin, no seu catálogo de 1760 designa o tomateiro como planta ornamental não comestível, e só um século mais tarde aparece na secção dos legumes.

A origem do tomate parece ser a América do Sul, onde crescia espontaneamente nos campos de milho. No entanto, sabe-se agora ter sido mais vasta a região da sua cultura original, que se estendia para norte, até ao presente México.


Polinização

A polinização do tomate tem sido objecto de controvérsia durante largos anos, entre guardiões de sementes. Uns afirmam a impossibilidade deste se cruzar, e que nunca assistiram a qualquer polinização entre variedades, do mesmo modo que outros clamam que isto acontece com frequência.

Estudos recentes concluem a hibridação entre as variedades de folha larga, semelhante à da batateira, e entre as conhecidas por “Coração de Boi”.

A razão deste fenómeno é explicada pela retracção do estilo para dentro do canudo da antera, impossibilitando a polinização. Esta evolução deve-se à emigração do tomate para norte, e, por consequência, as variedades modernas tornaram-se autopolinizadas (autogâmicas). Enquanto que, por outro lado, as variedades ancestrais mantiveram a faculdade de se polinizarem entre si, devido, precisamente a apresentarem o estilo fora do tubo da antera, o que facilita a fecundação cruzada.

Quem tiver alguma dúvida sobre a autopolinização da variedade que possui, pode munir-se de uma lupa e observar as flores dos seus tomateiros; se o estigma emergir do tubo da antera pode haver cruzamento com outras variedades cultivadas nas proximidades, se forem idênticas quanto à forma de polinização. Durante a floração pode-se abanar de vez em quando as plantas, para favorecer a auto-fecundação.

Como já dissemos, existem inúmeras variedades adaptadas, e ainda continuamos a encontrá-las nas pesquisas efectuadas pelo país. Comercialmente as variedades existentes são, na sua maioria, híbridas. As de polinização aberta são poucas e só se encontram em redes de sementes como a Colher Para Semear.

Entre agricultores o tomate é assunto falado com paixão; cada um recomenda a sua variedade, o que demonstra a sua diversidade e adaptabilidade. O tomate é hoje cultivado desde a África do Sul até à Sibéria.

A coloração do fruto também é muito diversa, do branco ao vermelho escuro, quase negro, ou ainda amarelo, laranja, verde ou rosa. Das mais vulgares e conhecidas por nós contam-se as variedades Coração de Boi, Xuxa, Cereja, De Inverno, Maçã, e Refego, que podem também apresentar diferenças, consoante a proveniência.


Cultura

Porque o tomate precisa de calor durante todo o seu crescimento, a sementeira em viveiro não deve ser feita antes do mês de Março, e de preferência em “cama quente” ou abrigo, devido às baixas temperaturas que por vezes se fazem ainda sentir nessa época do ano. Sempre que possível, devem semearse diferentes variedades de tomate, para adaptar às suas múltiplas utilizações culinárias.

Ao ar livre, é a partir do princípio de Maio que se plantam os tomateiros, em local definitivo. Deve-se enterrar o caule até ás primeiras folhas., para favorecer o enraizamento. Quando atingem cerca de 15 cm de altura estão então prontos a ocupar o seu lugar na horta, que deverá sempre ser ao sol. Para facultar o arejamento das plantas, e assim evitar o aparecimento de míldio, e outras doenças, devem plantar a cerca de 80 cm de distância entre pés. Não esquecer que, em condições favoráveis de desenvolvimento, os tomateiros são plantas robustas e que, certas variedades de trepar, chamadas de crescimento indeterminado, podem atingir mais de 1 m de altura. As outras, de crescimento determinado, são arbustivas mas igualmente vigorosas.

Para que não cresçam desordenadamente, espalhando os seus frutos pelo chão, e ainda para evitar o aparecimento de fungos, é fundamentar colocar-lhes tutores, que podem ser canas – daí o termo encanar – ou quaisquer outras estacas. A estes tutores atam-se depois as plantas com ráfia, tiras de trapos ou qualquer outro material, de preferência biodegradável.
Muitas vezes menosprezadas, as regas são fundamentais para o sucesso desta cultura. Dependendo da natureza dos solos, devem ser mais ou menos frequentes mas, como os tomateiros têm raízes profundas, devem ser sempre regados em abundância.
No entanto com bom senso, pois água em excesso pode originar o aparecimento de rachas nos frutos e torná-los aguados e sem sabor. E uma vez mais, para não favorecer o aparecimento de fungos, tão frequentes nesta cultura, nunca de deve regar os tomateiros por aspersão, mas sim junto ao pé.
Para manter a humidade do solo, evitando gastos desnecessários de água, é fundamental empalhar os tomateiros após a sua plantação.
E por fim, parece ser sabido que “as cenouras amam os tomates”, pois alguém deu este título a um livro sobre consociações de plantas hortícolas. Na horta, e para sua protecção e bom desenvolvimento, os tomateiros devem ainda ser colocados perto de cebolas, cebolinho e salsa. Também as chagas e os cravos de Tunes os protegem, para além de tornarem ainda mais bonitas as hortas de Verão.
Os frutos devem ser colhidos maduros, durante os meses de Julho, Agosto e Setembro. Quando caem as primeiras chuvas, e começa o frio, deve-se apanhar todo o tomate que ainda está nas plantas e guardá-lo, para ir consumindo conforme amadurece.

Fonte: GORGULHO - Boletim Informativo sobre Biodiversidade Agrícola
COLHER PARA SEMEAR – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais
ano 4 . nº6 . Verão de 2007

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