quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

NABOS E COUVES

O início de Primavera é a altura de escolher as melhores plantas para efeito de recolha de semente, eliminar as mais fracas para não degenerar a colheita total, há que ter em mente que para manter uma boa diversidade genética são precisas no mínimo seis plantas o ideal será mais de vinte, no entanto estes números são apenas referências o que não inibe o hortelão com menos plantas de efectuar uma recolha com sucesso.

Não esquecer também que tanto os nabos como as couves hibridam facilmente, os primeiros entre si e as couves entre todas elas, motivo pelo qual se devem manter isoladas as diferentes variedades.

Isto pode ser feito pela distância, por redes próprias ou por simplesmente optar por fazer só uma variedade por ano eliminando todas as outras antes da floração.

A maturação das vagens requer especial atenção, não esquecer pois, que mal estejam secas começam a abrir e a semear o seu precioso conteúdo. É nesta altura que também são muito procuradas pelas pequenas aves que as devoram freneticamente. Os espigos devem ser recolhidos diariamente pela brandura da manhã para evitar perdas desnecessárias, e secar numa eira até estalarem. As restantes devem ser melhoradas com cuidado pois a forma esférica da semente é muito propícia a partir-se ou estalar, consequentemente inutilizando-as. Se o tempo estiver húmido, após a colheita, os espigos devem ser atados e pendurados até o tempo permitir a sua secagem final. Como para todas as sementes, um local seco, fresco e escuro, é o mais apropriado ao seu armazenamento.




O recipiente mais adequado é um frasco bem seco, com tampa hermética, uma vez que a humidade é o pior para as sementes. Nos nabos há a salientar o grande número de variedades que os nossos campos continham. Para dar um exemplo, o catálogo de sementes de “José Afonso Duarte (JAD Sementes)” dos princípios dos anos cinquenta, cita onze variedades de nabo de cabeça, entre os quais se encontra o de São Cosme, o das Virtudes (comprido e redondo), o da Meda, o Turnepo, o Saloio branco, o Martelo, o Roxo, o Globo, etc. Isto sem contar com as inúmeras variedades relacionadas por hortelões amadores que as mantinham já há várias gerações. Por aqui se nota que houve uma erosão acelerada nos últimos trinta anos da nossa diversidade vegetal.

Nas couves o panorama é o mesmo; a couve bróculo apresenta-se hoje em dia com cabeças verdes mas sabiam que os bróculos originais eram brancos e alguns roxos, nenhum deles era verde, onde é que eles param? Será que ainda existem? O bróculo roxo ainda se encontra, embora com alguma dificuldade, mas o branco creio que só em catálogos antigos. Nas couves-flor também actualmente existem muito poucas variedades disponíveis nas casas de sementes. Provavelmente por causa da introdução de variedades híbridas, e isto acentua-se ainda mais nas lombardas e repolhos. A excepção será a formidável couve-galega e as tronchudas, ou pencudas, que ainda se encontram nas variedades originais.




Fonte: GORGULHO - Boletim Informativo sobre Biodiversidade Agrícola
COLHER PARA SEMEAR – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais
ano 2 . nº1 . Abril de 2005

Sem comentários:

Enviar um comentário