quarta-feira, 7 de março de 2012

Alfarrobeira


Alfarrobeira


As razões para cultivar esta árvore

Para os cavalos, são um autêntico pitéu mas em utilização doméstica dá para produzir melaço para gelado ou licor para aquecer os dias frios. O género Ceratonia é constituído unicamente por duas espécies, a C. Siliqua ou alfarrobeira e a C. oreothauma, originária de Oman e Somália. É uma árvore sensível ao frio que testo no nosso clima. Segundo os botânicos, são descendentes de leguminosas primitivas tropicais há muito desaparecidas.

A alfarrobeira é a única árvore mediterrânica que floresce no outono, particularidade das tropicais. Esse é o período em que as abelhas são raras, o que não facilita a fecundação. Com o avanço do deserto do Saara, estas plantas adaptaram-se aos climas das zonas periféricas aos habitats originais. A alfarrobeira selvagem existe em Anatólia e no Próximo Oriente e naturalizou-se no Algarve, após ter sido trazida pelos gregos.

Na Califórnia, está classificada como espécie invasora. Era tradicionalmente uma árvore de estrada, plantada com um espaçamento de 9 metros entre cada árvore. Hoje em dia, é uma árvore antirruído. Pode viver durante vários séculos. Sempre verde, dá uma sombra agradável e protege da chuva. Aceita ser podada. No palácio real de Rabat, em Marrocos, pode ver-se uma ala de alfarrobeiras podada de maneira a formar uma abóbada. Passar por aquele longo corredor de sombra luminosa é um verdadeiro prazer.

A alfarrobeira aceita os terrenos mais pobres. Podemos ler que pode ter algumas dificuldades em terrenos ácidos. Eu cultivo-a sem problemas com um pH de 5.5. Nos primeiros anos cresce lentamente, teme o vento e o frio, é necessário protegê-la e orientá-la. Quando adulta, suporta temperaturas até -7ºC. Para dar frutos necessita dos invernos quentes do Sul e do litoral.

A reprodução fiel da alfarrobeira pede o enxerto. Quando os árabes naturalizaram a cultura da alfarrobeira pelo fruto entre nós (el karub), sabiam perfeitamente enxertar. Ibn al-Awwâm descreve as variedades da época, hoje perdidas, nomeadamente a alfarrobeira suave, a alfarroba longa rabo de rato e a alfarroba redonda o sírio.

Porquê cultivar uma alfarrobeira?

É uma boa árvore de sombra. Perde uma parte das suas folhas em julho a cada dois anos e renova-as parcialmente na primavera. Se não a regar, dará menos frutos.

A produção de fruto exige a escolha de variedades selecionadas.

Infelizmente, as variedades atuais visam sobretudo a indústria da farinha e da goma (E410), extraída das sementes (Portugal é o terceiro produtor mundial de alfarroba, em expansão).

Para o pomar escolham os enxertos macho+fêmea ou hermafroditas de frutos doces. As árvores masculinas não frutificam e ocupam espaço. As vagens devem ser grandes com um bom sabor achocolatado. O melhor fruto para consumo será o tunisino polígamo Sfax. O mais doce é o californiano Santa Fé com 47% de açúcar e um delicado paladar amendoado.

A primeira razão para produzir alfarrobas é a felicidade dos cavalos. Para eles, são um verdadeiro pitéu. Não os deixem nunca aproximar-se de uma alfarrobeira porque comerão tudo o que possam. Existe um pequeno mercado europeu ao abandono de venda de alfarroba seca para os cavalos.

Uma outra utilização doméstica é o melaço de alfarroba como acontece no Líbano. Cozer as vagens de alfarroba num pouco de água, deixar reduzir formando um xarope. Este melaço é bom no gelado de baunilha. E por fim, é muito fácil fazer um bom licor de alfarroba. Precisamos de alfarrobas secas, deixe marinar dois meses em álcool alimentar a 90º C. Corte em calda de açúcar para levar o licor a menos de 40º C.

Fonte: http://mulher.sapo.pt

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