quinta-feira, 30 de maio de 2013

Semear e Plantar com a Lua

Semear e Trabalhar com a Lua é considerar as plantas como organismos vivos, e não como objetos inanimados.

Fase da Lua

Na produção de alimentos, a influência da lua sobre as plantas é conhecida pelos agricultores desde a antiguidade. É milenar o conhecimento que os chineses detêm, por exemplo, sobre o corte do bambu e madeira: a ser realizado entre lua minguante e a nova, quando o teor de seiva e humidade dentro dos troncos é menor. Usando este conhecimento é possível trabalhar com o ritmo da Natureza e usá-lo em beneficio da plantas.
A lua passa por quatro fases: minguante, nova, crescente e cheia. Cada fase dura sete dias.

Lua crescente

Fase em que a seiva é atraída para cima, para as folhas, favorecendo o crescimento da parte superior da planta.
Periodo favorável ao plantio de cereais, frutas e flores e colheita de verduras.
Boa época para se fazer enxertos e preparar o solo com compostos e cobertura vegetal (mulch).

Lua cheia

Colher plantas medicinais e frutos -  os frutos estão mais suculentos devido a maior quantidade de seiva encontrada nos frutos. Plantio desaconselhado.

Lua minguante

Nesta fase a força da seiva diminui, indo para a parte inferior da planta.
Iniciar o plantio de plantas de raízes, como a beterraba, cenoura, cebola, batata… Colher as raízes e vagens pois a planta encontra-se com menos seiva o que facilita a cozedura, para colher milho, abóbora e outros para armazenamento porque resiste mais ao ataque de caruncho.
Boa época para podar.
Colher as sementes uns dias antes da Lua Nova.

Lua nova

Nesta fase a seiva atinge o seu pico máximo de retrocesso.As plantas têm baixa resistência às pragas. Plantio desaconselhado.
Do que precede tiramos as regras seguintes: que entre a lua minguante e a nova deve ser plantado tudo o que dá “abaixo do solo” (raízes, tubérculos, rizomas e bulbos comestíveis) e, que entre a lua crescente e a cheia, deve-se plantar tudo o que dá “acima do solo” (folhas, flores e frutos comestíveis).

A lua biodinâmica

Também a relação entre a lua e as constelações determina o que deveremos fazer no campo (e também em casa!).
Existe uma relação entre a posição em que a lua se encontra nas constelações e os órgãos das plantas que se encontram em maior actividade.
Se a lua se encontrar numa constelação do elemento fogo (carneiro, leão, sagitário) estamos num dia de fruto e por isso é o fruto da planta que está mais potencializado. É por isso altura para trabalhar as culturas que nos darão o fruto – as courgetes, os tomates, as abóboras,… É também nestes dias que deveremos fazer as podas para que possamos ter frutos vigorosos.
Se a lua se encontrar numa constelação do elemento terra (touro, virgem, capricórnio) estamos num dia raiz e por isso são as raízes que estão mais activas. Nestes dias devemos semear, transplantar e cuidar de vegetais de raiz ou tubérculos.
Se a lua se encontrar numa constelação do elemento água (caranguejo, escorpião, peixes) o dia é chamado de folha e por isso são os vegetais de folha a quem devemos dar particular atenção – couves, alface, salsa,…. Para a colheita deste tipo de vegetais é preferível, no entanto, escolher dias de fogo ou ar para que eles se conservem melhor.
Se a lua se encontrar numa constelação do elemento ar (gémeos, balança, escorpião) deveremos tratar das plantas das quais estamos interessados em obter as flores como por exemplo a couve-flor, os bróculos e as flores em particular.

Fonte: http://ser.sustentavel.com.pt

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Contra Especulações Metafísicas


Certa vez, na floresta Simsapa do Kosambi (perto de Allahabad), pegando algumas folhas na mão, perguntou aos discípulos:

Que pensais, bhikkhus? Quais as mais numerosas? Essas poucas folhas na minha mio, ou as que estão na floresta?

Senhor, certamente as folhas da floresta são muito mais numerosas!

Da mesma forma, bhikkhus, do que sei não disse tudo e o que não divulguei é muito mais. E por que eu não lhes disse? Porque isto não é útil e não conduz ao Nirvana. (Samyutta-Nikaya.)

O Mestre comparava o número das coisas por ele ensinadas ao número das folhas de uma só árvore, e o número das coisas que lhe foram reveladas ao sem-número imenso das folhas de toda a floresta. Da mesma forma, Buda não discutia questões metafísicas, pois são puramente especulativas e só criam problemas imaginários. Ele as considerava "um deserto de opiniões".

Malunkyaputra, um de seus discípulos, não se conformando com essa atitude, fez ao Mestre as clássicas perguntas sobre problemas metafísicos, entre as quais as seguintes:

Senhor, quando estava meditando, veio-me este pensamento: o universo é eterno ou não é eterno? O universo é finito ou infinito? A alma é uma coisa e o corpo outra coisa? Existe o após a morte ou não existe o após a morte, ou ambas as coisas simultaneamente existem ou não após a morte? O Sublime não me explicou esses problemas; se o Senhor sabe que o universo é eterno, explique-me, mas se não sabe, seja franco em dizer: "Não sei, ou não vejo." [A resposta dada é de grande utilidade para muitos, que até hoje perdem um tempo precioso em questões metafísicas dessa natureza, perturbando inutilmente a paz de suas mentes.]

Disse eu alguma vez: "Vem, Malunkyaputra, leva uma vida pura sob minha direção, que eu te explicarei todas essas questões?" Ou você mesmo me perguntou: "Se eu levar uma vida pura sob sua direção, terei as respostas às minhas perguntas?"

Não, Senhor!

Malunkyaputra, se alguém disser: "Não levarei uma vida santa sob a direção do Sublime, até que ele me elucide essas questões", morrerá certamente antes de receber a resposta desejada do Tathagata.

Prosseguindo, Buda deu o seguinte exemplo: se um indivíduo, ferido por uma flecha envenenada, fosse levado por seus amigos e parentes a um cirurgião e dissesse: "Não deixarei extrair esta flecha antes de saber quem a disparou, se um ksatrya [casta dos guerreiros], ou um brahmana [casta dos sacerdotes], um vaisya [casta de mercadores] ou sudra [casta inferior dos camponeses], qual seu nome, qual o nome de sua família, se é alto, baixo ou de estatura mediana, qual a cor de sua tez, de que aldeia ou cidade veio. Não permitirei extrair esta flecha antes de saber com que espécie de arco foi disparada, antes de saber que corda foi empregada nesse arco, antes de saber que penas foram utilizadas na flecha, antes de saber de que material foi feita a ponta da flecha", como terminaria isto, monges? Esse homem morreria certamente sem saber todas essas coisas. Assim também, Malunkyaputra, quem disser: "Não levarei a vida pura sob a direção do Sublime até que ele me explique se o universo é ou não eterno etc., etc — certamente morrerá sem que o Mestre lhe tenha explicado essas questões.

Buda explicou a Malunkyaputra que a vida espiritual não depende de opiniões metafísicas. Qualquer que seja a opinião sobre esses problemas, existe sempre o nascimento, a velhice, a decrepitude, a morte, a desgraça, as lamentações, a dor, a angústia. — "Logo, declaro: a cessação de tudo isto é o Nirvana ainda nesta vida."

Por conseguinte, Malunkyaputra, considere explicado o que expliquei, e o que não expliquei, como não-explicado. Não esclareci se o universo é eterno, ou não é, etc., etc., porque não é útil e não está fundamentalmente relacionado com a vida espiritual, não conduzindo ao desapego, à cessação, à tranqüilidade, à penetração profunda, à realização, ao Nirvana. Estes são os motivos pelos quais não falei. Que foi que expliquei? Expliquei a existência do sofrimento, o aparecimento ou origem do sofrimento, a cessação do sofrimento e o caminho que conduz à cessação do sofrimento. E por que expliquei isto? Porque é útil e está fundamentalmente relacionado à vida espiritual que conduz ao desapego, à cessação, à tranqüilidade, à penetração profunda, à libertação, ao Nirvana. 1

Buda não ensinava o objeto do Conhecimento, mas os meios para chegar a ele. Só a Iluminação poderia responder as perguntas; os ensinamentos de Gautama Buda, como vimos e veremos no decorrer deste estudo, são pura ciência, moral, psicologia e filosofia de vida, e nada têm a ver com conceitos religiosos. É uma doutrina que leva o indivíduo à Correta Compreensão pela análise e meditação.



Texto extraído do livro
"Budismo: Psicologia do Autoconhecimento"
de Georges da Silva e Rita Homenko
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Fonte: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=502