As razões para cultivar esta árvore
Para os cavalos, são um autêntico pitéu mas em utilização doméstica dá para produzir melaço para gelado ou licor para aquecer os dias frios. O género Ceratonia é constituído unicamente por duas espécies, a C. Siliqua ou alfarrobeira e a C. oreothauma, originária de Oman e Somália. É uma árvore sensível ao frio que testo no nosso clima. Segundo os botânicos, são descendentes de leguminosas primitivas tropicais há muito desaparecidas.
A alfarrobeira é a única árvore mediterrânica que floresce no outono, particularidade das tropicais. Esse é o período em que as abelhas são raras, o que não facilita a fecundação. Com o avanço do deserto do Saara, estas plantas adaptaram-se aos climas das zonas periféricas aos habitats originais. A alfarrobeira selvagem existe em Anatólia e no Próximo Oriente e naturalizou-se no Algarve, após ter sido trazida pelos gregos.
Na Califórnia, está classificada como espécie invasora. Era tradicionalmente uma árvore de estrada, plantada com um espaçamento de 9 metros entre cada árvore. Hoje em dia, é uma árvore antirruído. Pode viver durante vários séculos. Sempre verde, dá uma sombra agradável e protege da chuva. Aceita ser podada. No palácio real de Rabat, em Marrocos, pode ver-se uma ala de alfarrobeiras podada de maneira a formar uma abóbada. Passar por aquele longo corredor de sombra luminosa é um verdadeiro prazer.
A alfarrobeira aceita os terrenos mais pobres. Podemos ler que pode ter algumas dificuldades em terrenos ácidos. Eu cultivo-a sem problemas com um pH de 5.5. Nos primeiros anos cresce lentamente, teme o vento e o frio, é necessário protegê-la e orientá-la. Quando adulta, suporta temperaturas até -7ºC. Para dar frutos necessita dos invernos quentes do Sul e do litoral.
A reprodução fiel da alfarrobeira pede o enxerto. Quando os árabes naturalizaram a cultura da alfarrobeira pelo fruto entre nós (el karub), sabiam perfeitamente enxertar. Ibn al-Awwâm descreve as variedades da época, hoje perdidas, nomeadamente a alfarrobeira suave, a alfarroba longa rabo de rato e a alfarroba redonda o sírio.
Porquê cultivar uma alfarrobeira?
É uma boa árvore de sombra. Perde uma parte das suas folhas em julho a cada dois anos e renova-as parcialmente na primavera. Se não a regar, dará menos frutos.
A produção de fruto exige a escolha de variedades selecionadas.
Infelizmente, as variedades atuais visam sobretudo a indústria da farinha e da goma (E410), extraída das sementes (Portugal é o terceiro produtor mundial de alfarroba, em expansão).
Para o pomar escolham os enxertos macho+fêmea ou hermafroditas de frutos doces. As árvores masculinas não frutificam e ocupam espaço. As vagens devem ser grandes com um bom sabor achocolatado. O melhor fruto para consumo será o tunisino polígamo Sfax. O mais doce é o californiano Santa Fé com 47% de açúcar e um delicado paladar amendoado.
A primeira razão para produzir alfarrobas é a felicidade dos cavalos. Para eles, são um verdadeiro pitéu. Não os deixem nunca aproximar-se de uma alfarrobeira porque comerão tudo o que possam. Existe um pequeno mercado europeu ao abandono de venda de alfarroba seca para os cavalos.
Uma outra utilização doméstica é o melaço de alfarroba como acontece no Líbano. Cozer as vagens de alfarroba num pouco de água, deixar reduzir formando um xarope. Este melaço é bom no gelado de baunilha. E por fim, é muito fácil fazer um bom licor de alfarroba. Precisamos de alfarrobas secas, deixe marinar dois meses em álcool alimentar a 90º C. Corte em calda de açúcar para levar o licor a menos de 40º C.
Fonte: http://mulher.sapo.pt
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